segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O "Jeito Eduardo" de fazer segurança III - A FUGA EM MASSA!

Semana passada alertamos à população pernambucana, através deste veículo de comunicação eletrônica, das irregularidades administrativas e de segurança em curso no Sistema Penitenciário.

No final de semana de 14 a 16 deste mês (semana retrasada) fugiram três presos do Hospital de Custódia e Tratamento Penitenciário (HCTP) em Itamaracá, Região Metropolitana do Recife, enquanto que na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR) a presa Luiza Alzira detinha a guarda das Chaves do Setor de Segurança da unidade, onde se encontravam todas as munições daquela prisão.

Na Quarta-feira eu, juntamente com alguns Diretores do SINDASP, estive pessoalmente em visita sindical às referidas unidades prisionais.

No HCTP pude constatar, entre outras irregularidades, que não há escada de acesso às guaritas da “muralha” de vigilância, que por absoluta falta de condições os Guardas Especiais Temporários (GET’s) não assumem seus postos de trabalho, além de se retirarem da unidade hospitalar/prisional por volta das 17 horas, que pela falta de efetivo e condições de trabalho os reclusos/pacientes daquela unidade permanecem todo o expediente noturno entregues “à sua própria sorte”...

O mais frustrante, no entanto, foi perceber que as denúncias sobre as irregularidades no HCTP foram feitas na segunda-feira e, até àquela QUARTA-FEIRA nenhum “responsável” da Secretaria Executiva de Ressocialização esteve no local para apurá-las e, conseqüentemente, tomar as providências cabíveis.

Nem o Coronel Ary Falcão, aquele que deixou a Direção do COTEL após diversas e repetidas rebeliões e que agora é o “coordenador dos GET’s, nem o Coronel Humberto Vianna, Secretário de Ressocialização, nem o Coronel Izaque Viana, primo do Secretário e Supervisor de Segurança, nem o Major Ulisses Vianna, sobrinho do secretário (e, consequentemente do supervisor de segurança) e Supervisor de Suprimento do Sistema Penitenciário (a pessoa que poderia iniciar o processo de aquisição dos equipamentos e materiais necessários para a retomada da normalidade dos serviços naquela unidade) estiveram lá para averiguar a situação. Nem até quarta-feira, nem mesmo até a data de hoje...

(No caso das três autoridades consangüíneas citadas acima, uma doença na família pode ser o motivo da ausência. Eis um dos inconvenientes de se empregar a família inteira numa repartição pública só: no caso de doença grave de um parente, todos os demais ficam sem trabalhar para poder atender o enfermo, por exemplo).

Na quarta-feira, ainda pela manhã, estive, à convite, na Audiência da Comissão de Defesa da Cidadania na Assembléia Legislativa e lá enfatizei a gravidade do problema de termos uma unidade prisional sem nenhuma vigilância nos muros no período noturno: enfatizei, ainda, que a SERES, durante o governo passado, abriu investigação sobre a possibilidade o HCTP estar se transformando, graças às suas fragilidades, em “rota de fuga” dos presos pernambucanos; os quais solicitavam laudos psiquiátricos apenas para serem transferidos para lá, de onde fugiriam com mais facilidade.

Enfatizei, ainda, que se medidas emergenciais não fossem tomadas, o pior poderia ser esperado... e o pior aconteceu!

Na madrugada do sábado passado (22.09) presos do HCTP voltaram a fugir da unidade, pulando o muro, como já havia ocorrido na semana anterior. Só que dessa vez não foram três, mas, NOVE PRESOS DE UMA VEZ, todos do Pavilhão São Francisco (o mesmo de onde fugiram os três da semana anterior).

Seus nomes e prontuários:

Clebson Gabriel da Silva. Prontuário 2012839
Helmiton Diogo da Silva. Prontuário 2011894
EEEduardo Severino Ramos da Silva. Prontuário 9008817
Eurípedes Adelgízio Leite da Silva. Prontuário 18001465
Evânio Cláudio da Silva. Prontuário 1008112
Felipe da Silva Ferreira. Prontuário 2013332
Joás dos Santos Oliveira. Prontuário 2011023
José Francisco da Silva. Prontuário 9008898
Rogério Severino Pereira. Prontuário 9008840

Caso você, leitor ou leitora, encontre algum (ou todos) esses por aí – por exemplo, quando estiver fazendo sua caminhada, ou indo ao supermercado – não tente prende-lo(s) sozinho(a). Chame a Polícia IMEDIATAMENTE... mesmo que os responsáveis demorem mais de uma semana para chegar ao local... Afinal, lentidão nas ações, ao que parece, faz parte do “Jeito Eduardo” de fazer segurança.

sábado, 22 de setembro de 2007

Schopenhauer, “os Doces Bárbaros” e um pouco de antiestética.

(Gil, Caetano e Gal, no programa Divino Maravilhoso, da TV TUPI. )

Há tempos que desejava escrever sobre antiestética neste espaço. Porque antiestética é um assunto que, simplesmente, me fascina. Mesmo entendendo que, de certa maneira, a antiestética é, por essência, uma atitude (atividade) juvenil, o seu poder transgressor e, por isso mesmo, transformador é para mim um atrativo particular. Assim como é um atrativo investigar a capacidade social de absorver qualquer proposta antiestética e, em maior ou menor grau, transformá-la em estética; isto é, subverter a contracultura em cultura: eis, pois, penso eu, a chave do segredo da perpetuação da sociedade humana! Eis, também, o demonstrar-se do que Hegel chamou de “suprassunção”; esta capacidade social de sintonizar o “velho” com o “novo” e seguir em frente.

Mas, antiestética não é um assunto muito fácil de ser abordado em um blog. Isto porque, para se esboçar uma reflexão sobre ANTI alguma coisa é necessário, preliminarmente, que se compreenda razoavelmente sobre essa “alguma coisa” e, no caso, não encontrava outra maneira de abordar o tema “antiestética” sem antes passar por Homero, Aristóteles, Kant, Hegel, isto é, esboçar uma espécie de “breve história da Estética”, para só depois chegar em Nietzsche e, finalmente, abordar uma espécie de teoria da antiestética, que nos remeteria a Miguel de Servantes, Rousseau, (novamente a) Nietzsche, uma “pitada” de Proudhon, Bakunin, Aldous Huxlei, George Orwel (...), em fim, não seria um artigo nos moldes de publicação em um blog, convenhamos.

Cheguei até a começar a escrever algo a partir do “fenômeno” Chaves (não o político, mas, o programa humorístico mexicano). Sobre como a antiestética do personagem que mora dentro de um barril que, por sua vez, fica dentro de uma “poblacion” (favela) conseguiu, num primeiro momento, vencer a estética (formal, vigente) e conseguir mais audiência, por exemplo, do que “Malhação”, com suas “ninfetas” e “Adonis”; e, num segundo momento, eternizar o enredo do menino pobre, que brinca com entulhos, no formato de desenho animado – enfrentando uma estética que privilegia o uso de equipamentos eletrônicos de ultima geração, pelos seus personagens. [Compare-se, por exemplo, o desenho animado de Chaves, que, apesar de ter perdido muito de sua antiestética com a substituição dos “feios” e “velhos” atores vivendo papéis de crianças – o que, em si, já é um elemento ridículo e de antiestética – por desenho animado com os demais desenhos em cartaz nas televisões brasileiras (Max Steel, Três Espiãs demais, etc) e ver-se-á o quanto o seu formato, temas abordados e mesmo teoria de valores diferem dos desenhos em voga no cenário atual].

Mas, o estudo inicial para escrever o artigo sobre Chaves me convenceu de que o fenômeno dos humoristas mexicanos (filmado entre os anos 80 e 90 do século passado) merece, graças ao seu sucesso mundial, um trabalho muito mais elaborado do que apenas algumas linhas nesta página eletrônica. Afinal, em princípio, me parece que Chaves seja uma das raras oportunidades nas quais a antiestética venceu a estética sem ser transformada (engolida) por esta, nem se adequar a um universo particular e discriminado (como fora o caso dos Hippies, por exemplo).

Hoje, porém, lendo Artur Schopenhauer, encontrei a “porta” para entrar no assunto neste meu muito prezado espaço eletrônico... Engraçado como um “quase” antiesteta me emprestou a saída para a abordagem de um assunto, a princípio, tão difícil de introduzir.

Schopenhauer é autor de uma obra, em particular, maravilhosa: “Sobre a Filosofia Universitária”. Se pudéssemos apenas considerar esse texto como “o pensamento” de Schopenhauer, sem dúvidas, poderíamos caracterizá-lo como antiesteta. Afinal, nesta obra ele esboça raciocínios maravilhosos como “se todos passam a concordar com suas idéias não seja tolo em acreditar que todos finalmente evoluíram: foi você quem ficou mediocre”, ou, “incapazes de ter suas próprias idéias, os medíocres se especializam no que os outros disseram”, ou, simplesmente, “o Estado só financia aquilo que lhe interessa e lhe reforça a existência, por isso, é impossível uma pesquisa independente no seio da universidade”.

Mas, Schopenhauer não escreveu apenas “Sobre a Filosofia Universitária”, ao contrário, sua bibliografia é vasta e, em alguns de seus escritos, encontraremos a franca defesa da estética (dizer, estética formal seria, para nós, no mínimo, um pleonasmo).

Em “A arte de Escrever” (L e M Pocket, 2006), num texto em que defende nitidamente a manutenção do estilo clássico alemão de redação, Schopenhauer esclarece: “o desleixo na maneira de vestir revela o menosprezo pela sociedade na qual uma pessoa se apresenta”. Ora, mas que descoberta maravilhosa! Schopenhauer escreveu isso em 1851: não é incrível como essa “verdade” pode ser perfeitamente observada no movimento Hippie da década de 1970, portanto, mais de 120 anos após?(!). E mais ainda no movimento Punk, dos anos de 1980?

Lia os ensinamentos de Schopenhauer e, assim que dei de cara com essa verdadeira pérola, me lembrei dos queridos (ex)Doces Bárbaros; na antiestética do Movimento Tropicalista... e de como agora, com a sutil diferenciação de Maria Bethânia, eles são totalmente incorporados à estética globalizada.

Percebi, então, que seu “menosprezo” pela sociedade esvaiu-se com o tempo e hoje, ao invés de contestá-la, lhes é mais caro “desenvolvê-la”.

Em algum momento específico a advertência de que “você precisa aprender inglês” perdeu a ironia, passando a ser uma recomendação propedêutica e “ir contra a via, cantar contra a melodia, nadar contra a maré” ou “não se amarrar a dinheiro, não!” não mais ecoa em “acordes dissonantes, pelos cinco mil alto-falantes”. Foi nesse exato momento que os “Doces Bárbaros” deixaram de menosprezar a sociedade à qual tanto contestavam e se vestiram a caráter para celebrá-la, deixando, certamente, de ser “bárbaros”...

Quão valioso é, então, o ensinamento de Schopenhauer. A partir dele é possível, inclusive, reconhecermos a autenticidade e a inventividade artística, visto que apenas o menosprezo pelo que está estabelecido pode servir de mola propulsora para a produção de algo realmente novo, vibrante e transformador.

Bem-aventurada a antiestética, sem ela seríamos condenados a um eterno repetir-se da celebração à monotonia do usual comportadatamente desbotado e opaco.
(leia um pouco sobre a "antimoda" tropicalista http://www2.uol.com.br/tropicalia/frame.htm )

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

"O "Jeito Eduardo' de fazer segurança II - A PERSEGUIÇÃO!


“O ‘Jeito Eduardo’ de fazer segurança II” – A PERSEGUIÇÃO!


Por Breno Rocha*


No dia 17 passado, divulgamos neste veículo de comunicação as graves denúncias sobre a fuga de três reclusos do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) e a aberração administrativa ocorrida na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), onde a sentenciada Luiza Alzira, condenada por narcotráfico, detinha em seu poder as chaves do setor de segurança daquela unidade prisional – setor onde se estoca, entre outras coisas, as munições da prisão.
O absurdo do ocorrido repercutiu tão efetivamente que em 24 horas fomos convocados pela Comissão de Defesa da Cidadania da Assembléia Legislativa, a fim de relatarmos os pormenores sobre o fato.
Saímos da audiência da Comissão de Defesa da Cidadania muito bem impressionados. Nunca havíamos testemunhado tamanha agilidade do poder público pernambucano. A relevância da denúncia, certamente, contribuiu para aguçar o interesse dos membros daquela Comissão sobre o assunto, afinal, após a tragédia ocorrida no Estado de São Paulo, quando os criminosos do PCC utilizaram-se de informações recolhidas dentro das Unidades Prisionais para caçar e exterminar os Agentes Penitenciários, impondo um clima de terror ao centro financeiro da nação, é natural que se esteja mais atento para o monitoramento da organização dos presidiários.
Ágil também foi a mesa diretora da Comissão de Defesa da Cidadania da Assembléia Legislativa, que, 24 horas após ouvir de nós os detalhes sobre a guarda da chave do Setor de Segurança da CPFR por uma reclusa da unidade, emitiu Ofício à Secretaria Executiva de Ressocialização (SERES), solicitando esclarecimentos sobre o caso.
Entretanto, nada foi mais “ágil” e, para nós, mais surpreendente do que a forma governamental de encarar o problema...
Assim que soube do caso o Secretário Executivo de Ressocialização, Humberto Vianna, determinou imediatamente a transferência... DO AGENTE!
Acaso o senhor leitor conhece a piada do sofá? Aquela do cidadão que, cansado de chegar em casa e encontrar a esposa o traindo no sofá, ateou fogo ao sofá e o atirou pela janela do prédio? Pois é, foi mais ou menos assim que aconteceu: ao tomar conhecimento de que havia uma presa da CPFR de posse das chaves do Setor de Segurança, Humberto Vianna puniu com transferência o Agente que, numa atitude legal e legítima, relatou o fato em Documento Oficial (Livro de Ocorrência) e, atendendo a convocação da Assembléia Legislativa, prestou todos os esclarecimentos que os Deputados e Deputadas da Comissão de Defesa da Cidadania sentiram necessidade de solicitar.
Sejamos mais específicos: a determinação da transferência do Agente Ricardo Valença, que relatou à Comissão de Cidadania da ALEPE o absurdo em questão foi determinada, segundo o Ofício 1722 / 2007 – GC, diretamente do Secretário Humberto Vianna, portanto, uma determinação de Governo e não administrativa, visto que não parte da Chefe Executiva da CPFR.
Ainda, a determinação da transferência não ocorre na segunda-feira, quando o Livro de Ocorrências é lido pela responsável pela Unidade Prisional, nem na terça-feira, após a veiculação da denúncia através da imprensa, mas, na quinta-feira, após o depoimento à Comissão de Defesa da Cidadania da ALEPE. Ou seja, após Ricardo Valença ter prestado esclarecimentos aos REPRESENTANTES DO POVO!
Ah... quanto a detenta Luiza Alzira... ela continua “trabalhando” no Setor de Segurança como se nada tivesse acontecido, afinal, este tem sido o “Jeito Eduardo” de fazer segurança.


Breno Rocha é Presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário – SINDASP.

domingo, 16 de setembro de 2007

O "Jeito Eduardo" de fazer segurança


Sexta-feira, 14.09.2007, aproximadamente 01h20min da madrugada, Pavilhão São Francisco, Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), Itamaracá, Região Metropolitana do Recife. Iramar da Silva, de prontuário nº 6004082, recolhido naquela unidade prisional de tratamento desde 26.05.2007 por ser acusado de ter infringido o Artigo 12 do código penal (Tráfico de Drogas) associa-se a Cícero Samuel Felix Dias, de prontuário nº 2013970, recolhido ao HCTP em 24.07 do corrente ano e a Willames Ramos dos Santos, prontuário 9008833, no HCTP desde 05.09.2006 e, aproveitando-se da fragilidade da segurança naquela unidade, serram a grade que dá acesso ao pátio do HCTP. Correm para o muro e como não há nenhuma guarita ativada, fogem por entre a mata que cerca o hospital/presídio, ganhando, posteriormente, as ruas da adormecida Ilha de Itamaracá.

Apenas os outros reclusos testemunharam a odisséia dos três fugitivos, pois, é a eles que a unidade prisional está entregue na madrugada.

O murro do HCTP ameaça cair faz tempo e, por isso, não oferece condição de segurança para que os “GET’s” (Guardas Especiais Temporários) ocupem as guaritas responsáveis pela guarda da muralha da prisão/hospital. Sem a menor condição de trabalho, os GET’s aderiram “forçadamente” a “operação padrão” dos Agentes Penitenciários: chegam ao HCTP pela manhã e se dirigem não aos postos, mas, ao pátio da unidade. Entre piadas e dominó, lá permanecem até as 17h00min. Quando vai anoitecendo, os GET’s, sem mais o que fazer no HCTP, se retiram em direção aos seus domicílios, na esperança de que no próximo serviço eles possam ocupar seus postos de trabalho...

Sem ninguém para vigiá-los, os presos/pacientes fogem... quem há de culpa-los por isso? Perigo é se na hora de pular o muro ele desabar por cima dos fugitivos... mas, até agora, tem valido à pena correr o risco...

Sábado, 15.09, 07h30mim, Colônia Penal Feminina do Recife (Bom Pastor). O Agente Penitenciário chega para o “serviço”. Encontra a sala do setor de segurança fechada a cadeado. Procura pela chave e é informado que ela se encontra em poder de uma reclusa, que ainda está dormindo. Ele, confuso com o inusitado, pede para chamá-la. Ela, não comparece. Ele então, na companhia de outro colega que acabara de chegar, vai à cela procurar pela chave.

Luiza Alzira, presa na Colônia Penal Feminina do Recife acusada de tráfico de drogas finalmente acorda. Busca embaixo de travesseiro a chave do setor de segurança da unidade e entrega aos Agentes Penitenciários, não sem antes fazer uma importante recomendação: “o senhor não deixe ninguém entrar lá não, pois ta cheio de munição”.

Os presos do HCTP fogem temendo apenas que o muro, incapaz de agüentar sobre si os seguranças que deviam coibir as fugas, despenque sobre suas cabeças. A presa da CPFR guarda embaixo do travesseiro as chaves de acesso às munições da cadeia... Mais um fim de semana sob o “Jeito Eduardo” de administrar a segurança pública pernambucana.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Sobre a Greve dos Correios. Por Oswaldo Alves, "carteiro".

Gostaria de aproveitar o momento oportuno da paralisação dos Correios, ou melhor da Greve dos Carteiros, (motorizados), Operadores de Triagem e Transbordo-OTT e Atendentes Comerciais em todo o Brasil da ECT, para lembrar que Paulo Bregaro ainda na época do império não tinha como temos direitos adquiridos, quando montado em seu cavalo fazia entregas domiciliares, percorrendo estradas, caminhos, vias, distâncias quilomêtricas no território brasileiro sem está amparado por um acordo coletivo de trabalho.

Desde então esse exemplo os carteiros vêm lutando pela casa própria financiada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pelo Plano de Cargo Carreira e Salário-PCCS para definir o tempo em cada cargo, para estipular o tempo do empregado para a promoção salarial, para definir e prevenir as doenças ocupacionais, como vem ocorrendo com os carteiros, ou seja, tomem como exempo o que vem ocorrendo Centro de Distribuição Domiciliar-CDD/Encruzilhada localizado no Largo da Encruzilhada/Recife, onde encontramos 14 carteiros afastados pelo INSS com doenças adquiridas, na grande maioria na coluna: cervical,dorsal, lombar; e estas doenças causadas pela indefinição da empresa, que a 12 anos não revisa o último PCCS.

Outra luta que vem junto com a história do Carteiro Paulo Bregaro é o recebimento do adicional de periculosidade que garantiria ao carteiro além do adicional de periculosidade o direito a aposentadoria especial, como também vemos noticiado neste conceituado órgão de imprensa que os governantes debatem, discutem a criação de piso salarial nacional para professores e policiais militares e queremos incluir também nessa luta nosso piso salarial nacional e para melhor sermos reconhecidos precisamos que seja regulamentada pelo Congresso Nacional nossa profissão de Carteiro e nessa esteira transformar o Carteiro motorizado em Motorista na função.

Hoje, 14 de setembro de 2007 estamos no segundo dia de paralisação nacional e no curso das negociação seria interessante que a divulgação deste artigo servi-se como propósito de colocar para a sociedade civil organizada a questão daquele que é tão querido por toda população, das mais diversas classes, que atende a todos sem distinção, da realidade que o assola o carteiro, onde o Governo Federal por outro lado diferente das nossas lutas propõe reajuste aquem das perdas inflacionárias desde o Governo Collor e que seguem no Governo Lula, e pasmen que o atual governo motivou a paralisação não apenas pela questão econômica mais também pela questão social e porque não dizer familiar. Eis que a Empresa se propõe e propõe excluir os pais e até a esposa(o) do Plano Correios Saúde e apelamos desde a época do império aos dias atuais, onde parecemos vivemos numa social democracia, recorrer a memória do primeiro Carteiro Paulo Bregaro para pedir ao governo federal e a sociedade de forma geral que reconheça o Carteiro e os seus direitos como o único e verdadeiro Cidadão Postal.

sábado, 1 de setembro de 2007

Os descaminhos do Sistema Penitenciário pernambucano



Após sete meses de plena gestão, o governo de Eduardo Campos confirma o que nós suspeitávamos nas suas primeiras horas: o governo não se entende a respeito da política de segurança penitenciária.

Antes de efetuar qualquer avaliação a respeito do novo desentendimento – provocado pela velha falta de compreensão sobre o tema – do governo para com a política de Segurança Penitenciária, é importante lembrarmos que como primeira ação governamental para o setor, o Governador transferiu a competência administrativa das prisões da Secretaria de Defesa Social para a novíssima Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Com isto, a responsabilidade pela formulação das políticas do penitenciarismo pernambucano ficou sob a responsabilidade de dois secretários; Roldão Joaquim (SDSDH) e Herbert Vianna (SERES).

Não sei se todos sabem, mas, o ainda candidato Eduardo Campos, em sua faze de “eu te darei o céu, meu bem”, isto é, durante as já famosas “promessas de campanha”, assinou um documento proposto por associações de moradores de Itamaracá, no qual ele “se compromete em retirar os presídios da ilha até 2010”. Bem, Eduardo era o terceiro candidato nas pesquisas, portanto, a lógica de campanha do “terceiro” não é a de esquivar-se de fazer promessas, mas, de prometer, como forma de pressão ao candidato da dianteira. Algo do tipo: “o senhor não se compromete não, doutor? Olhe que Eduardo disse que fará isto e aquilo, se for eleito!”

E não é que Eduardo foi eleito!?!? Mas, esta parte o senhor leitor e a senhora leitora já conhecem... Bom, uma vez eleito, resta cumprir as promessas... E o que fazer do documento assinado em Itamaracá???

Agora é que começa o problema da política de Segurança Penitenciária: visando resolver o problema do “chefe”, o Secretário Roldão Joaquim passou todo o mês de agosto fomentando entrevistas à Imprensa local, nas quais anunciava a solução para a retirada dos presídios de Itamaracá.

A proposta de Roldão (que se imaginava ser também a do governo) era “devolver” os presos das três unidades da ilha – entre os quais, a rigor, não existe nenhum “presídio” – para as cadeias de suas cidades de origem. Em Itamaracá existem, hoje, segundo dados da própria Secretaria, aproximadamente 2700 “reclusos” – dentre os quais, a rigor, 372 não são “presos”, mas, PACIENTES – seria preciso, apenas, catalogá-los em devolvê-los às cadeias de suas cidades, as quais, por sua vez, sofreriam uma reforma a fim de abrigá-los.

Mas, para a nossa surpresa, na tarde do dia 31 de agosto, Humberto Vianna, durante entrevista no programa de Aldo Vilela, na Rádio CBN, revela “outro” destino do governo para os reclusos de Itamaracá. Segundo o Secretário de Ressocialização, “o governo, através de um projeto de Parceria Público-Privada (PPP) construirá no Estado um complexo penitenciário para 3 mil presos, retirando, assim, as unidades de Itamaracá.”

Fica nítido que “o governo”, que tem dois secretários para a mesma pasta, tem também dois projetos para a resolução do mesmo problema.

Mas, isto é ótimo! – diria alguém oniricamente – Assim, se um projeto não for viável, o outro pode ser devidamente aplicado!

Mas que tolice! – diria outrem que conhecesse minimamente a problemática penitenciária.

Os dois projetos têm, coincidentemente, duas coisas em comum:

Primeira: São ambos inviáveis: o de Roldão por diversas questões técnicas – como por exemplo, a questão do tratamento especial dos inimputáveis (pacientes psiquiátricos do HCTP) que não podem, por lei, ser confinados juntamente com reclusos em perfeito estado mental e, seria inviável que toda cadeia pública tivesse um “anexo” psiquiátrico completo para receber um paciente que pode nunca aparecer (afinal, são apenas, 372 em todo o Estado e, muitos deles, oriundos da Região Metropolitana); há também a questão da modalidades sistêmica imposta pela lei ao penitenciarismo nacional; ou seja, existe um sistema de progressão de regime prisional que é (ou deveria ser) coincidente com a progressão da forma de “terapia” criminológica aplicada ao recluso. Seria muito mais caro adaptar as cadeias públicas de modo que todas elas estivessem capacitadas para promover essa progressividade. Mas, tem ainda a questão mais “urgente”, ou seja, o impedimento mais flagrante no referido projeto: os presos da Região Metropolitana. Para onde iriam os presos de Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Camaragibe, Paulista, Cabo de Santo Agostinho, Iguarassu, Itapissuma, Abreu e Lima, (etc.)? Municípios que não possuem cadeias públicas? E os presos de Recife? Propõe o governo reabrir a “Casa da Cultura” como “Casa de Detenção”?

O projeto de Vianna, por sua vez, vai mais longe: propõe retirar os presos de Itamaracá e depositá-los todos em um só município; como se algum prefeito, em ano pré-eleitoral, fosse aceitar a construção de um novo “Carandiru” em sua cidade. Isto mesmo, “Carandiru”, uma vez que o modelo de “Complexos Penitenciários” é oriundo daquela desprezível filosofia de agrupamento prisional, na qual, dentro do espaço demarcado pelos mesmos muros, se recolhe (mas, se preferirem: se “entulha”), em prédios distintos, toda sorte de prisioneiros: os que ainda estão em fase de julgamento, e por isso, podem ser inocentados; os que já cumprem pena e por isso permanecem reclusos às suas celas; os que estão em faze final do cumprimento da pena e por isso entram e saem do “complexo” diariamente; os doentes mentais...

A segunda: os leitores já perceberam: são ambos anacrônicos; um, porque pretende reeditar o modelo das “comarcas”, do tempo dos “Alcaides”; modelo este superado pelo tempo, pela história e pela lei. O outro, porque pretende, por sua vez, adotar para Pernambuco, um modelo que foi literalmente IMPLODIDO em São Paulo. Implodido não apenas por haver sido superado pelo tempo e pela história, mas, após a maior tragédia prisional do mundo contemporâneo.
Pelo visto, enquanto o próprio governo não decide como piorar a gestão prisional, os habitantes de Itamaracá vão continuar sem ver cumprida a promessa eles feita; o Governador, na dívida com a população; os secretários, com o pé no freio e o olho no retrovisor... e nós, na esperança de que um dia se invista do cargo alguém que pelo menos entenda o mínimo da matéria...