terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Esquerda, Direita, rótulos e conceitos.




Depois de um longo intervalo sem escrever para este espaço, um “problema” me impele a revisitar o “perplexivo”: a inexpressividade semântica do termo “esquerda” na política contemporânea.
Bem, é isto mesmo. Dizer-se de “esquerda”, atualmente, significa exatamente NADA!
A origem do termo é histórica. Reza a lenda que, após a primeira (fase da) revolução francesa, antes dos Jacobinos se estabelecerem efetivamente no poder... naquele tempo, durante as Assembleias que debatiam os rumos da França em crise, os que defendiam a monarquia e seus interesses posicionavam-se à direita da mesa coordenadora, enquanto os que defendiam os interesses populares posicionavam-se à esquerda. Mais tarde... só um pouco mais tarde, quando Marx estratificou a luta de classes num embate dialético entre Capital e Trabalho – estes, na qualidade de “forças sociais” –, imediatamente associou-se “direita” àqueles que lutam em prol do capital e “esquerda” aos que lutam em prol do trabalho; “de direita” aos que lutam pelos capitalistas e “de esquerda” aos que lutam pelos trabalhadores.
Contemporaneamente, após o estabelecimento do uníssono discurso da “economia acima de tudo e solução para tudo”, após a “superação da dialética entre Capital e Trabalho”, ou melhor dizendo, da subjugação do Trabalho em prol do Capital, todos os atores políticos formais (institucionalizados) concentram-se em apenas uma posição geográfica: o Capital; ou seja: a direita.
O mais recente movimento dos vencedores das eleições na Grécia – declarados pela imprensa como “da esquerda radical” – em articular um “bloco de coalizão” com a direita – com a justificativa de “salvar a economia”, exemplifica exatamente o nosso ponto de vista. Do mesmo modo, as medidas “de ajuste” do Governo Dilma.
A fórmula encontrada para produzir o “bem-estar” parece ser, finalmente, esmagar o Trabalho. Comprimi-lo, esculpi-lo em função do Capital. O que fazer se os investidores estrangeiros se evadirem? O que fazer se os banqueiros quebrarem? O que fazer se o preço das commodities despencarem? “Flexibilize-se” o Trabalho, para que tais catástrofes não aconteçam...
E, assim, “ser de esquerda” passou a “ser de direita”, mas, sem assumir. Isto é, servir ao Capital, sem um grama de coragem para assumi-lo.

1 Comentários:

Blogger Unknown disse...

A Esquerda morreu, diria Nietzsche!Foi relegada ao ostracismo por aqueles que outrora se intitulavam defensores da "massa de trabalhadores", supostos defensores do rompimento dos grilhões que corrói impiedosamente corpos, mentes e idéias surgidas entre tantos embates da história de lutas sociais emblemáticas e medonhamente marcantes da humanidade.Entretanto as essências basilares da Esquerda, sufocadas e os que antes levantavam tal bandeira, na maioria dos casos alimentam a redoma de proteção da Direita onde os pés de ambos os "lados" tornam-se uma só mistura que está sempre a espreita pelo poder e os dividendos advindos "junção" nojenta! Ass. Sérgio Moreira dos Santos

8 de junho de 2015 às 14:25  

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