Esquerda, Direita, rótulos e conceitos.
Depois de um longo intervalo sem
escrever para este espaço, um “problema” me impele a revisitar o “perplexivo”:
a inexpressividade semântica do termo “esquerda” na política contemporânea.
Bem, é isto mesmo. Dizer-se de “esquerda”,
atualmente, significa exatamente NADA!
A origem do termo é histórica.
Reza a lenda que, após a primeira (fase da) revolução francesa, antes dos
Jacobinos se estabelecerem efetivamente no poder... naquele tempo, durante as
Assembleias que debatiam os rumos da França em crise, os que defendiam a
monarquia e seus interesses posicionavam-se à direita da mesa coordenadora,
enquanto os que defendiam os interesses populares posicionavam-se à esquerda.
Mais tarde... só um pouco mais tarde, quando Marx estratificou a luta de
classes num embate dialético entre Capital e Trabalho – estes, na qualidade de “forças
sociais” –, imediatamente associou-se “direita” àqueles que lutam em prol do
capital e “esquerda” aos que lutam em prol do trabalho; “de direita” aos que
lutam pelos capitalistas e “de esquerda” aos que lutam pelos trabalhadores.
Contemporaneamente, após o
estabelecimento do uníssono discurso da “economia acima de tudo e solução para
tudo”, após a “superação da dialética entre Capital e Trabalho”, ou melhor
dizendo, da subjugação do Trabalho em prol do Capital, todos os atores
políticos formais (institucionalizados) concentram-se em apenas uma posição
geográfica: o Capital; ou seja: a direita.
O mais recente movimento dos
vencedores das eleições na Grécia – declarados pela imprensa como “da esquerda
radical” – em articular um “bloco de coalizão” com a direita – com a
justificativa de “salvar a economia”, exemplifica exatamente o nosso ponto de
vista. Do mesmo modo, as medidas “de ajuste” do Governo Dilma.
A fórmula encontrada para
produzir o “bem-estar” parece ser, finalmente, esmagar o Trabalho. Comprimi-lo,
esculpi-lo em função do Capital. O que fazer se os investidores estrangeiros se
evadirem? O que fazer se os banqueiros quebrarem? O que fazer se o preço das commodities
despencarem? “Flexibilize-se” o Trabalho, para que tais catástrofes não
aconteçam...
E, assim, “ser de esquerda” passou
a “ser de direita”, mas, sem assumir. Isto é, servir ao Capital, sem um grama
de coragem para assumi-lo.
1 Comentários:
A Esquerda morreu, diria Nietzsche!Foi relegada ao ostracismo por aqueles que outrora se intitulavam defensores da "massa de trabalhadores", supostos defensores do rompimento dos grilhões que corrói impiedosamente corpos, mentes e idéias surgidas entre tantos embates da história de lutas sociais emblemáticas e medonhamente marcantes da humanidade.Entretanto as essências basilares da Esquerda, sufocadas e os que antes levantavam tal bandeira, na maioria dos casos alimentam a redoma de proteção da Direita onde os pés de ambos os "lados" tornam-se uma só mistura que está sempre a espreita pelo poder e os dividendos advindos "junção" nojenta! Ass. Sérgio Moreira dos Santos
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