quinta-feira, 20 de setembro de 2007

"O "Jeito Eduardo' de fazer segurança II - A PERSEGUIÇÃO!


“O ‘Jeito Eduardo’ de fazer segurança II” – A PERSEGUIÇÃO!


Por Breno Rocha*


No dia 17 passado, divulgamos neste veículo de comunicação as graves denúncias sobre a fuga de três reclusos do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) e a aberração administrativa ocorrida na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), onde a sentenciada Luiza Alzira, condenada por narcotráfico, detinha em seu poder as chaves do setor de segurança daquela unidade prisional – setor onde se estoca, entre outras coisas, as munições da prisão.
O absurdo do ocorrido repercutiu tão efetivamente que em 24 horas fomos convocados pela Comissão de Defesa da Cidadania da Assembléia Legislativa, a fim de relatarmos os pormenores sobre o fato.
Saímos da audiência da Comissão de Defesa da Cidadania muito bem impressionados. Nunca havíamos testemunhado tamanha agilidade do poder público pernambucano. A relevância da denúncia, certamente, contribuiu para aguçar o interesse dos membros daquela Comissão sobre o assunto, afinal, após a tragédia ocorrida no Estado de São Paulo, quando os criminosos do PCC utilizaram-se de informações recolhidas dentro das Unidades Prisionais para caçar e exterminar os Agentes Penitenciários, impondo um clima de terror ao centro financeiro da nação, é natural que se esteja mais atento para o monitoramento da organização dos presidiários.
Ágil também foi a mesa diretora da Comissão de Defesa da Cidadania da Assembléia Legislativa, que, 24 horas após ouvir de nós os detalhes sobre a guarda da chave do Setor de Segurança da CPFR por uma reclusa da unidade, emitiu Ofício à Secretaria Executiva de Ressocialização (SERES), solicitando esclarecimentos sobre o caso.
Entretanto, nada foi mais “ágil” e, para nós, mais surpreendente do que a forma governamental de encarar o problema...
Assim que soube do caso o Secretário Executivo de Ressocialização, Humberto Vianna, determinou imediatamente a transferência... DO AGENTE!
Acaso o senhor leitor conhece a piada do sofá? Aquela do cidadão que, cansado de chegar em casa e encontrar a esposa o traindo no sofá, ateou fogo ao sofá e o atirou pela janela do prédio? Pois é, foi mais ou menos assim que aconteceu: ao tomar conhecimento de que havia uma presa da CPFR de posse das chaves do Setor de Segurança, Humberto Vianna puniu com transferência o Agente que, numa atitude legal e legítima, relatou o fato em Documento Oficial (Livro de Ocorrência) e, atendendo a convocação da Assembléia Legislativa, prestou todos os esclarecimentos que os Deputados e Deputadas da Comissão de Defesa da Cidadania sentiram necessidade de solicitar.
Sejamos mais específicos: a determinação da transferência do Agente Ricardo Valença, que relatou à Comissão de Cidadania da ALEPE o absurdo em questão foi determinada, segundo o Ofício 1722 / 2007 – GC, diretamente do Secretário Humberto Vianna, portanto, uma determinação de Governo e não administrativa, visto que não parte da Chefe Executiva da CPFR.
Ainda, a determinação da transferência não ocorre na segunda-feira, quando o Livro de Ocorrências é lido pela responsável pela Unidade Prisional, nem na terça-feira, após a veiculação da denúncia através da imprensa, mas, na quinta-feira, após o depoimento à Comissão de Defesa da Cidadania da ALEPE. Ou seja, após Ricardo Valença ter prestado esclarecimentos aos REPRESENTANTES DO POVO!
Ah... quanto a detenta Luiza Alzira... ela continua “trabalhando” no Setor de Segurança como se nada tivesse acontecido, afinal, este tem sido o “Jeito Eduardo” de fazer segurança.


Breno Rocha é Presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário – SINDASP.

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