segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Tropa de Elite: "osso duro de roer"

A coqueluche do momento no Brasil é o filme “Tropa de Elite”, do Diretor José Padilha. Os milhares de fãs do filme, entre outras demonstrações de apreço, encheram o Orkut de comunidades sobre a trama e seus atores; e a Imprensa nacional não se cansa de publicar artigos sobre o filme, que os mais entusiasmados apontaram como “forte candidato a ganhador do Oscar”, caso fosse selecionado para concorrer... “NUNCA SERIA!”

“Tropa de Elite”, do ponto de vista cinematográfico, não ultrapassa a categoria de “medíocre”. Como Roteiro: é um velho e carcomido “clichê”. Um óbvio maniqueísmo; tão evidente que “bons” e “maus” são apresentados desde o início da trama e seguem, até o final, sem qualquer reviravolta que surpreenda a platéia. Aliás, a obviedade entre “mocinhos” e “bandidos” é tão agressivamente estampada que até suas vestimentas são pré-determinadas; como nos velhos faroestes hollywoodianos, nos quais os mocinhos vestiam-se de cowboys e os bandidos eram sempre os índios.

A Trilha Sonora – ponto comum de destaque nas produções nacionais – é uma tragédia; que se materializa desde a completa ausência de trilha em inúmeras cenas, até a obviedade da “Kátia Flávia” de Fausto Falcet na cena da boate e do uso de “Shine Happy People” (Gente Brilhando de Felicidade) do R.E.M na cena da “festa dos universitários”: neste caso, muito mais do que um clichê, o uso do “tema” da Banda Pop norte-americana R.E.M para sugerir o descaso da classe média-alta carioca para com a “guerra” que acontece “embaixo dos seus apartamentos de luxo” beira o plágio a Michael Moore, no seu “Fahrenheit 9-11”, quando aquele documentarista usa a mesma música como trilha para caracterizar George W. Bush e sua “corte” enriquecendo alheios à Guerra do Golfo.

A fotografia e a direção não trazem nada de novo e, em certos casos, chegam até a atrapalhar os atores. Como, por exemplo, na cena em que a “mãe do fogueteiro” vai pedir ao “Capitão Nascimento” para enterrar o filho. A ausência de closes nessa cena, que é feita TODA em plano americano, impede que o espectador tenha uma percepção direta da emoção vivida pelas personagens... representada pelos atores. Aliás, o abuso dos planos americanos, ou, a sua utilização em detrimento de closes ou detalhes nos leva a pensar que, na verdade, o orçamento do filme não permitiu o uso de tantas câmeras quantas seria necessário e, (só) por isso, a opção pelos sucessivos planos americanos.

À “Sétima Arte” Tropa de Elite não acrescenta absolutamente nada. Não traz nada de novo. Seu protagonista, o Capitão Nascimento, é quase um “Stallone Cobra”, quase um John Matrix (personagem de Arnold Schwarzenegger em “Comando para matar”), quase um John McClane (personagem de Bruce Willis em “Duro de matar”), só que vinte anos atrasado. Num tempo em que até mesmo Hollywood abandonou esse tipo de personagem.

Com essa estrutura cinematográfica Tropa de Elite não teria a menor chance de concorrer (para valer) ao Oscar. Por isso, a comissão que seleciona o filme a representar o país na disputada cerimônia de premiação da Academia de Cinema dos Estados Unidos fez muito bem em, discretamente, desclassificá-lo. (Desclassificação que, perceba-se, nem é tão questionada assim, pelos que são do meio).

Mas, mesmo com essa falta de atributos Tropa de Elite é um sucesso de popularidade. Caiu no gosto de “todos”. A empatia entre o público e o protagonista do filme, o Capitão Nascimento, é imediata. “Todos” querem ser o Capitão Nascimento! No Orkut, já são dezenas as comunidades que o sugerem para Presidente! Suas falas são repetidas, sua postura imitada... De onde vem tamanho sucesso? Como explicá-lo?

Seguem-se as teses sobre a sociologia do filme. Apresentam-se teorias sobre o psicologismo da platéia (e, por extensão, da nossa querida sociedade). Em fim, todos têm sua própria explicação sobre o avassalador sucesso de Tropa de Elite: todos e, é claro, eu também.

Um pouco acima eu declaro que o Capitão Nascimento é “QUASE” um herói hollywoodiano do estilo “tiro e porrada” que prevaleceu de meados dos anos oitenta do século passado, até meados dos anos noventa... QUASE, não fosse um nada sutil detalhe: o Capitão Nascimento é um frouxo... um perfeito covarde!... coisa que os hollywoodianos nunca foram.

Calma, ardoroso fã! Estamos falando do mesmíssimo Capitão Nascimento, sim. Aquele do BOPE, dos bofetões, do saco na cabeça... ele mesmo.

Se não assistimos a filmes diferentes (o que bem pode ter acontecido, graças a leniência governamental para com a “pirataria” em nosso país) o Capitão Nascimento é aquele que MANDA: “senta o dedo nessa porra!”; que MANDA por os cadáveres “na conta do Papa”; não é mesmo? Isto... O que “MANDA”, mas que, em cena alguma do filme executa ninguém. (não que eu, pessoalmente, ache que executar pessoas seja, em qualquer caso, sinal de bravura. Mas, este parece ser o critério adotado para denotar o destemor dos personagens: a capacidade de disparar sua arma de fogo contra seres humanos.)

O Capitão Nascimento é o único Oficial do BOPE que discorda veementemente da “Operação Papa”, alegando que “vai morrer gente”, coisa que, definitivamente, não acontece (lembre-se que, sob a ótica do protagonista “gente” quer dizer: “policiais”), pois o seu sucedâneo, Aspirante Neto, no comando de sua equipe, chega a matar 30 “bandidos”, sem que nenhuma baixa na tropa seja relatada. Nascimento, por sua vez, treme de medo ao subir o morro com sua equipe e chega até a “travar” numa escadaria, às vésperas de um combate. Isto, é claro, até sua equipe dominar a situação e, como se diz no jargão policial, “isolar o perímetro”. Depois que isso acontece, aí ele fica “valente”! São chutes, pontapés e até discursos propedêuticos. Sua pistola só é sacada para adolescentes e mulheres que já estejam devidamente subjugados; para estes ele distribui bravatas e bofetões. Ele nunca é o primeiro a chegar na ação, nem fica na retaguarda; está sempre protegido no meio da tropa. Nem mesmo o “Baiano” (tinha que ter “alcunha” de nordestino?), o assassino do seu preferido, Nascimento teve coragem de assassinar: para isso, corrompeu seu “aluno”.

Para não dizer que o Capitão Nascimento passou todo o filme sem atirar em nenhum “bandido”, ele, juntamente com mais dois PMs, atiraram em “Xuxa”, um ajudante de traficante, que estava sozinho, desarmado e subjugado: o que não demonstra, propriamente, bravura de sua parte.

Mas, se o Capitão Nascimento é mesmo um perfeito covarde, por que da empatia do público para com ele? E mais, por que ele é visto como um herói... um bravo?

Caetano Veloso (que por sinal também é cineasta) já nos avisou: “Narciso acha feio o que NÃO é espelho”. Por analogia, então, “Narciso” achará beleza no que É espelho. E é justamente isso que acontece entre o público e o Capitão Nascimento: ele é o espelho, o perfeito retrato do “heroísmo” nacional; ou, da postura que aprendemos a identificar como heróica.

O Capitão Nascimento é o arquétipo do Imperador que declarou a independência sem dar um tiro, pois a arrebatava do próprio pai, com seu apoio e consentimento: “tomava” o que já era seu por direito de herança; é também o arquétipo do Marechal que decretou a República deitado em sua cama... mais uma vez, sem disparar um tiro sequer; é as Forças Armadas dos anos setenta, em “guerra” contra estudantes universitários maltrapilhos e mal armados; ou o Exército, disparando seu canhão contra os trabalhadores da CSN, em 1988; é a Tropa de Choque invadindo o Carandiru com cães, bombas e metralhadoras sobre um contingente de presos inermes...

E ainda é muito mais: ele é o “Coronel” nordestino que reveste sua “bravura” com o uso de pistoleiros sempre dispostos a fazer “serviços” em seu nome; é o típico “Machão” brasileiro, que agüenta calado os assédios do patrão, mas que não poupa a esposa de gritos e reprimendas...

O Capitão Nascimento é, finalmente, a gravata do Coronel Meira no estudante subjugado. É a revista da Polícia em adolescentes na porta do estádio de futebol. É o Ministro Jobim, segurando a Anaconda que fora perseguida, caçada e domesticada por outrem... É o presídio cheio e Marcos Valério solto...

O Capitão Nascimento representa o que sempre entendemos no nosso país por “Exercício da autoridade”: “arrogância com os humildes e subserviência aos poderosos” (Como disse Ariano Suassuna no seu Auto da Compadecida: este sim, um grande filme!). Por isso, não percebemos de imediato sua covardia e se a percebemos, não apenas a achamos normal, mas, a confundimos com bravura.

É por isso que o adoramos e o queremos para Presidente. Porque ele personifica o “ethos” nacional no país do “você-sabe-com-quem-está-falando?”. (Além do mais, um país que há apenas três décadas aboliu a palmatória e o caroço de milho como “métodos pedagógicos” oficiais, não pode ver mal algum na pedagogia de Nascimento para com seus comandados nem no seu tratamento para com os mais humildes.)

Por que o filme é um sucesso? Simples. Porque, como dizia Paulo Francis: “somos um país de Jecas!” Apenas um país de “Jecas” veneraria um filme medíocre e adotaria um PULHA como herói nacional.

É... Tropa de Elite é mesmo um “osso duro de roer”, mas, como a nossa ignorância sobre Cinema é absoluta (aliás, como o é sobre muitas outras disciplinas artísticas), achamos que Cinema é zunido de bala e corpos explodindo – e isso, Tropa de Elite tem de sobra. Por isto, pensamos que Tropa de Elite ganharia o Oscar e nunca nos ocupamos em assistir “O Dragão da maldade contra o Santo Guerreiro”, “O pagador de promessas” ou “Vidas Secas”, esses, por exemplo, vencedores de prêmios até mais importantes do que o Oscar, mas, que mesmo assim, nunca estiveram “na moda”.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Segurança Pública e Conflito de Gerações


["Aviso aos navegantes: o texto asseguir não é INÉDITO. Foi publicado no bolg de Jamildo (JC On Line) em março deste ano. Recuperei-o e achei que devia postá-lo aqui; inclusive porque vejo nele uma conexão com o artigo da 'antiestética' que postei logo mais abaixo.]

"O conflito entre gerações sempre esteve presente em todas as sociedades, faz parte do processo histórico e trabalha como uma ferramenta de amadurecimento": esta e uma definição que bem pode ser encontrada em diversos compêndios sociológicos e, de fato, o Conflito de Gerações foi determinante para o avanço social, político e econômico de grandes sociedades.

Só para exemplificar, podemos relembrar o movimento dos jovens operários franceses na década de 60 do século passado ou o movimento Hippie nos Estados Unidos da América do Norte, nos anos 70 do mesmo século.

No primeiro caso, estava em jogo a defesa do ensino público em Sorbone, o enfrentamento contra a exclusão do jovem da esfera de decisão política e a exploração aviltante da mão-de-obra do jovem trabalhador francês, que se via explorado em prol da manutenção do "status quo" dos "seniores".

Já no que se refere aos Hippies, estes, aos auspícios da palavra de ordem "Faça amor, não faça guerra" se recusaram a ir morrer no Vietnã e, ao som de guitarras destorcidas, movidos a ácido lisérgico e embalados pelo "amor livre", cavaram uma importante trincheira de combate à política beligerante do regime norte-americano quase que dentro do quintal da Casa Branca.

Mas, qual a relação entre os conflitos de gerações citados e a estapafúrdia crise na nossa segurança pública? Tudo, atônito leitor, tudo mesmo...

Observe que em ambos os casos acima os jovens, vitimados pelas equivocadas, mesquinhas, estúpidas ou simplesmente incompetentes decisões políticas dos Seniores responsáveis pela condução política, econômica e social dos respectivos países, foram às ruas, ocuparam os devidos espaços e, quer pregando "paz e amor", quer bradando palavras de ordem, impuseram a alteração das políticas adotadas, as quais, vitimavam quase que exclusivamente a juventude.

Agora, observe como está organizado o "status" político-administrativo da nossa sociedade... Bom, se me permitir, vou ajudá-lo... Por motivos "didáticos" (e também para não tangenciarmos o assunto) vamos nos focar no sistema de segurança pública (também denominado mais recentemente como Sistema de Defesa Social).

Nossa segurança Pública esta sendo dirigida, historicamente, pelos "Seniores".

E isto funciona da seguinte maneira; o cidadão é Coronel da PM, ou Delegado de Polícia Civil, o que significa que, de uma maneira ou de outra (por atos, ou omissões) coordena, dirige, executa, colabora, sugere, a política de segurança pública do Estado durante toda a sua vida profissional.

No caso dos PMs, em especial, eles ingressam na tropa ainda muito jovens e vão envelhecendo sempre em postos de comando, sugerindo, desenvolvendo e executando as ações policiais ostensivas no Estado, por sua vez, os Delegados, ingressam na carreira após concluírem o curso de Direito, isto é, já "formados" para o trato com o fazer legal.

Após trinta, trinta e cinco ou, às vezes, quarenta anos de serviço se espera que esses Seniores tenham se tornado, de uma forma ou de outra, "experts" em segurança pública. Que eles tenham aprendido tanto com seus erros e acertos que sejam capazes de, finalmente, sugerir o caminho "menos tortuoso" a ser seguido pela sociedade... afinal, é este o papel histórico dos Seniores.

Mas, e quando eles não o conseguem? Geralmente os jovens se transformam na principal vítima de seus "equívocos", até não suportarem mais e rebelarem-se, quer armando barricadas nas ruas, quer dançando nus perto do fogo... iniciando um conflito de gerações.

Voltemos ao caso em particular: o da nossa cruenta crise na segurança pública (desculpem, reconheço que "cruento", depois de dois finais de semana que contabilizaram juntos mais de 100 cadáveres, não parece um adjetivo sutil nem tem o efeito de eufemismo que tentei provocar).

Qual o legado dos nossos Seniores para com segurança pública do nosso Estado?

O caos!(?) Trinta, trinta e cinco anos de serviços nos quartéis e nas delegacias e o que construíram para nós: a carnificina com a qual temos sidos obrigados a conviver? A degeneração de qualquer sopro de dignidade humana por trás dos muros do Aníbal Bruno, sob os auspícios da nossa indiferença? Ou o abate sistematicamente covarde de nossas mulheres?

De certa maneira, os pernambucanos parecem ter compreendido este problema sociológico que ora abordo.

Essa necessidade da promoção de um conflito de gerações, mesmo que tardio, a fim de resgatar um fio de esperança na produção de uma saída viável e arrojada para o problema. Pode ser um indício de tal compreensão que a disputa ao posto de Governador do Estado, nas últimas eleições, se deu, definitivamente, entre dois candidatos jovens.

Esperava-se que com um jovem conduzindo os rumos da política administrativa estadual ações dinâmicas, arrojadas e inovadoras fossem desenvolvidas visando à erradicação – ou mesmo o enfrentamento eficiente – do problema.

E ao invés disso, o Governador Eduardo Campos vem optando em reconduzir ao poder "ex-coronéis", "ex-delegados", "ex-perts" que não aceitam de maneira alguma o "título" de "ex-poderosos".

Autoridades que não satisfeitas em ter "contribuído com sua parte para esse nosso belo quadro social" (para lembrar Raul Seixas, que tem tudo a ver com hippies e conflitos de gerações), acreditam que agora, depois de trinta anos construindo ESSE modelo de segurança pública, podem ainda "refiná-lo", "aperfeiçoá-lo", "sofisticá-lo" em proporções inimagináveis...

E os nossos jovens?

Continuam sem emprego, sem formação profissional garantida pelo Estado, sendo caçados e abatidos pelos grupos de extermínio e sem nenhuma disposição de luta.

Quer dizer, em alguns casos, só encontram disposição para lutarem entre si, digladiando pelo título de torcida mais burra, ou desempregado mais inútil. A "passos marcados", cada dia vemos mais distante a possibilidade de termos o nosso "Conflito de Gerações" e entristecemos ao perceber que talvez nos reste apenas "invejar" os jovens operários franceses ou festejar os Hippies norte-americanos...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Protesto de Agentes é adiado.


EM RESPEITO À TRAGÉDIA QUE SE ABATEU NA PENITENCIÁRIA BARRETO CAMPELO NO FIM DE SEMANA, AGENTES PENITENCIÁRIOS ADIAM ATO DE PROTESTO.
O Ato Público de protesto e denúncias das más condições de trabalho no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico – HCTP – localizado em Itamaracá, Região Metropolitana de Pernambuco, que estava programado para se realizar hoje, 10 de Outubro, na frente da Secretaria Executiva de Ressocialização foi ADIADO para a próxima quarta-feira, 17 de outubro, às 10 horas, no mesmo local (em frente à Secretaria Executiva de Ressocialização, no Parque 20 de novembro, no centro do Recife).

A Diretoria do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário – SINDASP – informa que o adiamento se deve aos trágicos acontecimentos ocorridos na Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC), neste final de semana, quando duas pessoas foram assassinadas no interior naquela unidade prisional.

“Nosso protesto terá um tom satírico, proporcionado pelo lançamento e exibição pública do filme ‘As desventuras do Urso desempregado Vol. 1’, por isso, entendemos que não seria apropriado realizar um evento nesse tom na mesma semana em que duas pessoas que deveriam estar sob custódia do Estado, dentro de uma unidade prisional, foram assassinadas. Assim, decidimos pelo adiamento, por uma semana, ato público”. Explicou Breno Rocha, presidente do SINDASP.

O filme, disponibilizado desde quinta-feira passada na internet através do site You Tube, que já consta na lista dos mais acessados da semana no rank do próprio site debocha, ao longo dos pouco mais de quatro minutos de duração, das condições de trabalho encontradas pela categoria no HCTP, de onde, no último mês, fugiram mais de 15 presos sempre pulando o muro da unidade (muro que, conforme cenas do filme, se esfarela com um simples toque do Urso/herói).
Segundo a Diretoria do SINDASP, foi preparada uma paródia dos grandes lançamentos de filmes de Hollywood para o ato de protesto, com fogos, tapete vermelho, tietes pedindo autógrafo e a exibição e venda de DVD's do filme na calçada da Secretaria de Ressocialização. Sendo que todo esse clima festivo não se adequa a perda das vidas humanas durante o fim de semana na Barreto Campelo.

"Preferimos adiar o ato a sermos mal entendidos pela opinião pública", declarou Newton Albuquerque, Secretário do sindicato.

É a primeira vez que um evento como e que ocorreu na Barreto Campelo acontece no Sistema Penitenciário de Pernambuco.

No Domingo passado, durante a visita semanal realizada na penitenciária, o detento Paulo Cristóvão assassinou sua esposa, Raquel Celeste, a golpes de faca. Após consumar o homicídio, Paulo Cristóvão foi assassinado pelos presos da unidade.

Esta é a segunda tragédia ocorrida naquela penitenciária neste ano. No mês de março, 06 presos foram assassinados no interior da PPBC, no vem se consolidando, até o momento, na maior chacina ocorrida em 2007 no Estado de Pernambuco; com o agravante desta ter sido praticada no interior de uma unidade de "segurança" do Estado.

DIVULGAÇÃO INSTITUCIONAL – SINDASP.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

As desventuras do Urso desempregado Vol.1

Vídeo denuncia falta de condições de trabalho em Hospital/Prisão


Na próxima quarta-feira, às 10 horas da manhã, os Agentes Penitenciários de Pernambuco realizarão um Ato Político em protesto às más condições de trabalho encontradas no Hospital/Presídio da Ilha de Itamaracá – Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP).Durante o ato, que se realizará em frente à Secretaria Executiva de Ressocialização, no Parque 20 de Novembro (antigo parque 13 de maio), no centro do Recife, os Agentes Penitenciários farão o lançamento de um filme denominado “As desventuras do Urso desempregado, vol. 1”.

O filme, com duração de pouco mais de 4 minutos (na verdade, um vídeo-clipe) denuncia desde o nepotismo que vem se estabelecendo no sistema penitenciário na atual gestão, até a precariedade para a prestação de serviço dos profissionais do Sistema Penitenciário.

Em um roteiro debochado recheado por uma trilha sonora "pop", o Urso, personagem típico do carnaval pernambucano, "sem emprego desde os folguedos momescos", vai até o Sistema Penitenciário em busca de trabalho. Chegando lá, é encaminhado ao HCTP pelo "Boi Bumbá", outro personagem do folclore nordestino. Uma vez no HCTP o Urso - uma espécie de anti-herói - se vê "obrigado" a escalar uma guarita de segurança que não possui escadas de acesso e que fica sobre um muro que se esfarela com apenas o toque das mãos.

Segundo o Presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco, Breno Rocha, "há no filme uma inspiração chaplineana". "Charles Chaplin usou a linguagem cômica para denunciar a fome, a exploração do trabalho, o tratamento dado pelos Estados Unidos ao imigrante pobre, etc. Pois bem, é um pouco disso que estamos tentando fazer: apresentar os problemas do Sistema Penitenciário numa linguagem cômica, a fim de chamar a atenção das autoridades e da população em geral." Afirma o sindicalista.

O filme, que já pode ser assistido no site youtube através do link http://www.youtube.com/watch?v=2-tGcKcIw6c ou mesmo digitando o seu título no buscador do site de vídeos, terá sua primeira exposição pública durante o protesto, em frente à SERES, onde, também, poderá ser adquirido em cópias de DVD's.

"A experiência de produzirmos um vídeo satírico sobre os problemas no sistema penitenciário tem sido muito interessante" - diz Breno Rocha. "Com apenas três dias do vídeo disponibilizado no youtube ele já e o segundo mais assistido da semana. Agora, vamos por a versão em DVD à venda, como forma de angariar fundos para as próximas produções. Acredito que não será difícil de vender. O povo, em geral, prefere a comédia ao drama. Em breve, esperamos por no ar mais nove volumes de vídeos - denuncia, afinal, o roteiro que empresta é o Governo, nós apenas o adaptamos. E roteiro é o que não falta!", brinca o sindicalista em tom de crítica.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mais um fim de semana: mais três fugas em Itamaracá!

José Miguel de Melo, Prontuário 9008647; Maurício Gonçalves Pereira, Prontuário 9008755; José Pereira da Silva, Prontuário 9008894. Estes são os mais recentes foragidos do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) de Itamaracá, o Presídio/Hospital de onde, nos últimos três finais de semana, consecutivamente, fugiram 15 reclusos, sempre da mesma maneira: serraram as grades do Pavilhão, alcançaram o pátio da unidade e pularam o muro que, apesar de toda a divulgação da imprensa, CONTINUA SEM QUALQUER GUARDA DE VIGILÂNCIA EM SEUS POSTOS.

Seguindo os ritos dos seus antecessores, José Miguel, Maurício Gonçalves e José Pereira, na madrugada de sexta-feira passada, também pularam o combalido muro do HCTP e escaparam sem maiores problemas daquela unidade de tratamento/prisional.

Não se pode mais chamar de DESCASO o que vem ocorrendo no HCTP. Descaso se deu no segundo episódio, quando, após três reclusos terem fugido pulando o muro sem vigilantes, nenhuma providência foi tomada e, por conseqüência disso, fugiram mais NOVE. Agora, depois de todo o acompanhamento feito pela imprensa, nenhuma providência vir a ser tomada e se permitir a escapada de mais três reclusos, exatamente da mesma maneira e pelos mesmos motivos que os outros DOZE anteriores... ISTO JÁ É UM ABUSO!

É um abuso do Governo, em todas as suas esferas representativas, para com a segurança da população pernambucana.

É um abuso do Ministério Público Estadual, que assiste inerte ao disparate administrativo de uma Secretaria de Ressocialização que, simplesmente, permite a uma UNIDADE DE SEGURANÇA PRISIONAL funcionar SEM A DEVIDA GUARDA DA MURALHA. E, por isso, facilita a fuga de 15 reclusos ao longo de três finais de semana. E é preciso frisar que o Ministério Público de Pernambuco têm DOIS gabinetes responsáveis pela fiscalização do Sistema Penitenciário, mas, ao que parece, NENHUM preocupado com as repetidas fugas no HCTP.

É um abuso, também, da própria Administração Prisional. Não digo da Secretaria de Ressocialização, pois, se esta tivesse realmente que adotar alguma providência, a primeira seria o imediato afastamento do Supervisor de Segurança (que, obviamente, não vem supervisionando nada do que ocorre no HCTP) Coronel Izaque Wanderley VIANA. Mas, como este é primo do Secretário de Ressocialização, Humberto Vianna, é compreensível que sua incapacidade profissional seja minimizada – eu mesmo, caso fosse secretário e o Governador permitisse que empregasse meu primo num cargo comissionado, não demitiria ele por causa de 15 presos que fugiram ao longo de três finais de semana, sempre da mesma forma e se aproveitando da mesma deficiência que ele deveria ter SUPERVISIONADO, PREVISTO E, por fim, SOLUCIONADO.

O abuso ao qual me refiro é da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH) e do seu Secretário, Roldão Joaquim. Afinal, a SERES é uma Secretaria Executiva subordinada a SDSDH e esta, na qualidade de secretaria “geral”, deveria intervir ao serem registrados disparates como estes que vêm ocorrendo no HCTP. No entanto o Secretário Roldão Joaquim, ao melhor estilo “Pôncio Pilatus”, LAVA AS MÃOS e assiste calado a fuga de 15 reclusos, um muro que se esfarela ao ser tocado com as mãos, a presa com as chaves do Setor de Segurança da Colônia Penal Feminina, a perseguição ao denunciante, o nepotismo do seu subordinado, entre outros tantos problemas que, quando levados ao seu conhecimento, não parece surtir, naquela autoridade, nenhuma re-AÇÃO que o faça intervir buscando solucioná-los.

Mas, o pior abuso de todos é o abuso palaciano. Enquanto o despautério administrativo se abate (e cria raízes) no penitenciarismo pernambucano, o Governador Eduardo parece ter assumido a postura de um “biscuit”. Está sempre lustroso, fazendo pose... porém, imóvel como uma peça decorativa. Nem parece o Eduardo que pregava, quando em campanha, que seria o comandante imediato das políticas de segurança pública de Pernambuco.

Enquanto o muro não cai e os presos continuam fugindo, Eduardo assiste a tudo sem tomar qualquer providência, com a dignidade de um “pingüim de geladeira”.