terça-feira, 1 de janeiro de 2008

2008: UM ANO QUE PROMETE!


2008 se inicia e, se pudermos enxergar através da fumaça dos fogos que caracterizam a festa de passagem dos anos, encontraremos a perspectiva de um cenário, no mínimo, curioso, a se desenhar ao longo do ano novo.


Tiro essa conclusão de duas importantes notícias em particular, publicadas na última semana de 2007: a primeira, veiculada na revista “Economist” – conceituada publicação norte-americana de análise econômica – que, sobre a crise pela qual atravessa o setor financeiro dos Estados Unidos, declara; “os bancos estatais da Ásia salvarão o capitalismo americano”. A segunda, uma notícia doméstica; sobre o Museu de Arte de São Paulo – MASP. Registra, a imprensa nacional, que após o furto do Picasso e do Portinari se estuda a “estatização” do mais importante museu da América Latina.


São notícias distintas mas que, em seu íntimo, falam da mesma coisa: não obstante o quanto sejam neoliberais as forças ideológicas contemporâneas, na hora do aperto, nada como o socorro do bom e “velho” Estado.


É isso que diz, sem literalmente dizer, a análise da “Economist”, sobre a venda de 10% do capital da corretora americana Merril Lynch a um banco estatal de Singapura por nada menos que US$ 5 bilhões; no mesmo mês em que os famosos (e poderosos) bancos Morgan Stanley e Citi venderam 10% e 5% dos seus capitais, respectivamente a, no primeiro caso, um banco estatal chinês (por US$ 5 bilhões) e, no segundo, a um banco estatal de Abu Dhabi por US$ 7,5 bilhões).


É o que diz, também, as “entrelinhas” por trás da nobre intenção em destinar ao Estado (de São Paulo – não se sabe ainda se ao governo estadual ou municipal) a proteção e preservação do inestimável acervo artístico do MASP.


Em se concretizando as previsões da “Economist” – o que parece bastante plausível – , 2008 será um ano ímpar para a história da humanidade. Veremos, como se viu na década de trinta do século passado, o Estado salvando a economia e, com isso, estraçalhando a ideologia neoliberal com toda a força que tem a práxis para destruir as idéias enganosas... E, desta vez, sem o fantasma de nenhuma ditadura super-potente que sirva de argumento retórico contra “os prováveis danos da monopolização do poder pelo Estado”.


Em se concretizando os projetos para a estatização do MASP, 2008 consagrará o Estado como ente fundamental para a proteção e a preservação do patrimônio artístico e cultural do povo; com todas as repercussões práticas, teóricas e políticas que podem advir dessa consagração...
Enfim, ao que parece, 2008 tem tudo para ser o ano do redescobrimento da importância dos papéis históricos do Estado; o ano em que o investimento produtivo (representado pela política econômica chinesa, por exemplo) retome o status de prioridade política a partir da decadência do capitalismo financeiro, o que representará uma verdadeira revolução de paradigmas.


2008 realmente promete; é só esperar para ver...